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É hora de empresário renegociar o aluguel e trocar dívida cara por mais barata

Para sobreviver à crise, negócio precisa cortar despesas não essenciais e adiar pagamentos

Para equilibrar as contas enquanto a empresa está fechada ou funcionando em marcha lenta, empresários têm de cortar despesas não essenciais, postergar pagamentos e negociar descontos.

“É preciso abrir o jogo com fornecedores e funcionários e deixar claro qual o grau de dificuldade da empresa”, afirma o professor Arthur Ridolfo Neto, especialista em administração financeira da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Adiar o pagamento de impostos foi uma das atitudes tomadas por Letícia Vilas Boas, 38, dona da Queijuz, loja de queijos artesanais no centro de São Paulo. Ela deixou para quitar entre julho e outubro o Simples Nacional, o INSS e o FGTS de março, abril e maio deste ano.

“Os empresários precisam estar cientes de que, ao fazerem isso, durante algum tempo vão acumular impostos de dois meses em um”, diz Rogério Cardoso, consultor do Sebrae.

A empresária Letícia Vilas Boas, 38, dona da Queijuz, loja de queijos artesanais no centro de São Paulo - Keiny Andrade/Folhapress

A prorrogação dos tributos não foi suficiente para equilibrar as contas da Queijuz, fechada desde 20 de março. Letícia teve de mandar embora um funcionário e interromper o contrato de outro por 30 dias. Ela também conseguiu abater 50% do valor do aluguel do imóvel. Os cortes representaram um alívio de 70% nas despesas fixas.

Na opinião de Ridolfo, donos de pontos comerciais deveriam reduzir os aluguéis até dezembro ou, pelo menos, por seis meses.

Para amenizar a queda no faturamento, que Letícia calcula em 60%, ela está divulgando produtos no Instagram e vendendo a distância. “Estou retomando encomendas, mas pedi mais prazo para pagar.”

É o melhor a fazer, segundo o especialista da FGV. “Nesse momento, só deve pagar à vista quem tiver dinheiro em caixa para os próximos seis meses.”

Até agora, Letícia não recorreu a empréstimos. As linhas de crédito podem ser úteis a empresas que já estão no vermelho, pagando juros maiores de um empréstimo anterior, do cheque especial ou do cartão.

Nesses casos, o empresário tem de consultar as instituições financeiras para saber se pode antecipar o pagamento. Se puder, ele solicita crédito emergencial e paga o que deve. Assim, troca uma dívida cara por outra mais barata.

Dona da Néctar Homeopatia, farmácia de manipulação na Vila Mariana, Marcelle Felipe Leira, 45, também não pediu empréstimo. Em vez disso, aderiu à prorrogação do recolhimento de impostos. Essa medida reduziu em cerca de 15% os desembolsos pelos próximos três meses.

“Só estou comprando o que eu sei que vai vender, como matérias-primas para formulações e álcool em gel. Isso deve baixar as despesas em mais 10%.”

Limitar a variedade de mercadorias exige atenção, ainda mais agora, afirma Ridolfo. “O consumidor vai aonde encontra tudo, porque não quer sair de casa.”

Se a restrição de itens for necessária, o ideal é montar um mix com produtos essenciais, que variam conforme o público, diz Jacques Gelman, da FGV.

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