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Como as empresas podem sobreviver sem se endividar na pandemia

Profissional da Contabilidade dá orientações para empresas de pequeno, médio e grande porte se manterem saudáveis na crise gerada pelo novo coronavírus

A pandemia do novo coronavírus acendeu um alarme mundial para uma crise econômica. No Brasil, já causou um impacto negativo muito forte na vida das pessoas e na saúde financeira das empresas. Apesar de as empresas já terem sido ajudadas por medidas provisórias lançadas pelo Governo Federal, a situação ainda é muito difícil para sustentar os negócios, sejam eles de pequenas, médias ou grandes empresas.

De acordo com um levantamento do do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), realizado em abril, 30% dos empresários buscaram empréstimos para que conseguissem manter suas empresas sem demitir ninguém e sem cortar grandes gastos. Entretanto 59,2% tiveram o pedido negado e 29,5% ainda esperam por uma resposta.

Para a contadora Lucélia Lecheta, conselheira do Conselho Federal de Contabilidade, a orientação geral para todas as empresas, de qualquer porte e até mesmo para pessoas físicas neste momento, é revisitar todos os seus custos, todas as suas despesas e ver o que pode ser enxugado, o que pode ser melhorado. “É hora de se reinventar. Nesse momento difícil as pessoas pensam que precisa parar tudo até a hora que voltar, mas é bem nesse momento difícil que, pela necessidade, podemos gerar a oportunidade. É hora de repensar o que está sendo feito, principalmente custos e processos”, analisa.

Também é o momento de cortar custos desnecessários, até mesmo fazer cortes que muitos não gostariam, mas que precisam ser feitos pela sobrevivência das empresas. “O Governo Federal tem trabalhado em várias frentes, e uma delas foi postergar impostos, de modo que a empresa tenha a possibilidade de ver o que ela pode adiar para ganhar um fôlego no seu fluxo de caixa. Costumamos dizer que nesse momento ‘sua majestade é o caixa’. É hora de aproveitar essas postergações sem acréscimo de juros”, comenta Lucélia.

Outras facilidades proporcionadas pelo Governo Federal foram as duas medidas provisórias (927 e 936) que possibilitaram diversas opções para o empregador, como antecipação de férias, teletrabalho, banco de horas, suspensão ou redução de jornadas de trabalho. “É preciso utilizar estas possibilidades. As medidas podem ser utilizadas de forma conjunta, com um bom planejamento. Porém, sempre com a ajuda de um profissional da contabilidade porque ele é quem está mais atento a todas às informações e mais preparado para orientar as empresas”, afirma.

Linhas de financiamento

Outra possibilidade oferecida pelo governo federal são as linhas de financiamento. Foi feito para a folha de pagamento, por meio da medida provisória 944 também a lei 13199 que permite financiamentos a juros bem baixos para pequenas e médias empresas.

“As empresas que têm um bom relacionamento com as instituições bancárias têm conseguido algumas liberações. Sabemos que tem muito banco recusando cadastro sabendo do risco em determinados negócios. Muitas empresas que têm uma boa ficha bancária ou bom relacionamento com as instituições não conseguem financiamento agora porque seus ramos estão extremamente afetados pela pandemia”, explica.

Caso real

A contadora Lúcelia Lecheta deu um exemplo de caso real, de uma empresa localizada em um shopping em Curitiba (PR), que ficou fechada de 22 de março até dia 25 de maio. Foram dois meses de fechamento total. “Como em um primeiro momento não se sabia o tempo que a empresa iria ficar fechada, foi possível aplicar a MP 927, dando ou antecipando as férias dos funcionários. Em outro determinado momento que se percebeu que a abertura não ocorreria em um período próximo, foi possível aplicar a suspensão do contrato de trabalho”, conta.

Quando o shopping reabriu e os funcionários puderam voltar, não foi aplicada mais a suspensão, mas sim a redução da jornada, para que todos pudessem voltar, porém em jornadas menores, até mesmo pelo horário reduzido do shopping. “Casos como esses têm funcionado bem. É necessário pensar junto, porque nem o contador e nem o empresários conseguem resolver sozinhos. É um trabalho conjunto, de perceber o que o cliente precisa, quais as expectativas, o que ele pode fazer e quais são as opções que ele tem”, afirma.

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