Alta nos combustíveis pode levar IPCA de 2022 a 7,5%, diz economista
Reajuste, um dos mais fortes feitos pela Petrobras em muitos anos, deve provocar impactos diversos na economia
O reajuste dos combustíveis, anunciado nesta quinta-feira (10) pela Petrobras, desencadeou uma onda de revisões para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022.
O aumento nos preços foi dos mais fortes feitos pela companhia em muitos anos e vai provocar impactos diversos na economia. Para o economista André Braz, da FGV, o índice pode chegar a 7,5% em dezembro.
“Minha previsão estava em 6,2%. Eu posso estar pecando pelo excesso ou pela falta. Mas a indicação é de que seja pela falta, por causa dos impactos indiretos que este reajuste vai provocar ao longo da cadeia produtiva”, disse à CNN.
Braz explica que o diesel tem um peso bem menor no cálculo do IPCA, de apenas 0,25%, contra o da gasolina que é de 6,58%. Ele pondera que o maior efeito do reajuste dos preços não vai ser dar pelo valor cobrado na bomba dos postos e sim pela difusão do aumento na economia.
“Eu estou falando do frete, das máquinas agrícolas, do ônibus urbano. No caso do transporte urbano, não sabemos de quanto será o reajuste das tarifas até agora. Este impacto indireto não é trivial e pode salgar muito a inflação”, disse.
A Petrobras anunciou aumento de 18% para gasolina, 24,9% para o diesel e 16% para o GLP. O gás de cozinha tem peso marginal no cálculo do IPCA, mas compromete 1,4% do orçamento das famílias de baixa renda, o que potencializa a perda no poder de compra e estímulo à atividade econômica.
André Braz pondera que ainda estamos em março e há muita incerteza sobre o que pode acontecer com a guerra na Ucrânia e também no cenário doméstico.
“Ainda tem muita água para rolar neste ano. Pode ser até que o petróleo se estabilize num patamar mais baixo, o que poderia levar a uma redução no preço da gasolina. Mas hoje é muito difícil acreditar nessa possibilidade diante do que está acontecendo na Ucrânia. Se acontecer, eu terei superestimado o IPCA em 7,5%, pecando pelo excesso”, pondera.
A meta de inflação deste ano é de 3,5%, com intervalo de 1,5 ponto para acomodação de choques.
Pelo relatório Focus de segunda-feira (7), a expectativa média dos analistas consultados pelo BC subiu pela oitava vez consecutiva, para 5,65%. O reajuste anunciado pela Petrobras deve promover nova revisão na coleta no fim da semana.